Moro com meus pais num bairro da periferia da cidade. Gosto muito de estudar e pretendo ser médico, ter uma família com cachorro e uma casa com piscina. Meus pais sempre me encorajam a lutar contra o que vejo a minha volta pra alcançar meu sonho. Se eles dizem que eu posso, eu realmente posso e vou conseguir ser gente, como eles dizem. Ser gente? Mas eu já não sou gente? Acordo todo dia às 5:30, as vezes com preguiça, as vezes não querendo comer pão com manteiga e ovo mexido, mas se isso vai me ajudar de alguma forma a realizar meus sonhos que assim seja. Chego na escola e sempre cumprimento o porteiro que sempre nos trata bem, e libera às vezes quando não queremos entrar na escola de tênis. Gosto da minha sala, da minha professora, mesmo quando ela implica em me colocar pra falar na frente. Não gosto. Quando eu for médico não vou precisar encarar platéia mesmo! Alguns tentam cancelar meu sonho, dizem que sou muito fanático por querer ser médico, dizem que meus pais são pobres, que não vou conseguir. Eles acham que com esses comentários vão me parar de alguma forma. Enquanto isso fico na sala, imaginando meu futuro, até me desconcentro da aula as vezes, tendo que ser acordado pela professora, mas ninguém pode destruir o sonho de alguém, até quando se ouve balões estourando. É, eram balões estourando no pátio da escola. E de repente não eram mais balões. Era o som que eu não sabia que podia matar meus sonhos. Tirar minhas perspectivas, e não só minhas. De meus pais, de amigos, de professores que tanto apostaram em mim. Eu não queria virar de costas, nem meus colegas. A princípio pensei ser brincadeira. Mas não era, era alguém que eu não conhecia e que veio pra tirar de nós o que nos motivava a viver: nossos sonhos. Não pude evitar, infelizmente eu não sabia que alguém podia ser tão poderoso como ele foi. Ele não tinha esse direito. Muitos, diariamente, cancelam sonhos, destroem perspectivas. Ele foi mais um. Só isso? E eu que achava que todo mundo era gente.
Sonhos vivos mudam histórias. E meus sonhos sem vida? O que eles fazem?
Se perderam junto com mais [muitos] sonhos vizinhos.
segunda-feira, 18 de abril de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário