sexta-feira, 22 de abril de 2011

    Eu realmente não sei o que escrever. Porque se escrevo, eu sinto. Antes de tudo eu sinto, e não quero. Sinto que está longe, sinto que não tá aqui, perto de mim, mas pode vir e de repente mudar minha concepção de espaço/tempo, tornar o que demorava em tempo curto, tão rápido como uma gota se desfazendo no chão, ou eternizar o que passaria veloz num vagão. Vulnerável como folhas simples, de outono, que caem quando a árvore cansa daquele verde, resolve mudar, trocar de roupa pra uma nova estação, enquanto suas velhas folhas se tornam energia pra suas novas, aos seus pés. Passa frio sim, fica feia durante um tempo, sofre com ventos, passarinhos não se achegam por hora. Fica só. Com verde explodindo por dentro, mas desestimulante por fora, esperando a hora de seu novo verde encher os olhos das aves procurando lugar pra construir seus ninhos, de ter no corpo marcas de amor alheio, de se sentir importante em dias de chuva, de se sentir feliz por ser alvo de raios, que decepando um de seus galhos, ou partindo-a ao meio, serve pra mostrar que mesmo podendo cair em qualquer outro lugar, ele resolveu cair bem ali, e alterar o rumo de sua história provocando mudança. Espera a chuva, o sol, o vento, alguém que colha dela, alguém que tire excessos, tudo isso é o que vive uma árvore que foi plantada ali, por um passarinho, que lançou a semente e não voltou pra regar, lançou no destino e só.
    Vejamos... talvez passe alguém, que regue, tire os cupins, ou a corte, lance no fogo.

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