Ele está la. Quietinho. Com a TV delisgada ele nem parece
estar. Mas está lá.
Por um deslize das minhas mãos exageradamente empenhadas em
abrir uma caixa travada, numa fração de segundos matei alguém. Imagino que em
slow motion a chave de fenda quicou na minha mega blaster ultra HD Tv smart
bleverrss televisão. Matei um pixel. Coitado! Tinha nada a ver na história.
Alías, tinha sim. O propósito era dar a ele um novo lugar, uma nova posição.
Instalá-lo em um lugar de destaque. Tudo para que ele se apresentasse com todo
seu brilho e variações de RGB om melhor lugar do meu quarto.
Tive o infortúnio de, ainda que minhas intenções fossem as
melhores, negativar todo o potencial de um pixel. Mas que diferença faz um
pixel se tem milhares deles ao redor que podem brilhar por ele?
A diferença é que, por conta dele, agora eu percebo todos os
milhares de outros pixels. Por causa dele eu sei que, se todos eles morressem
eu teria uma tv totalmente branca e sem propósito. Com nenhuma informação.
Não me tiro a culpa de tê-lo matado. Mas me dou o mério de tê-lo
percebido e continuar notando-o todos os dias, sempre que ligo minha TV.
Supostamente, este desafortunado pixel não nasceu para que viesse fazer ESTA diferença
na minha vida. Ou sim? O fato é que mesmo sem cumprir sua função inicial, ele
tem o ato nobre de me lembrar que sem os outros coleguinhas dele eu nada teria
para ver. Pra mim sua função está muito clara: me mostra quem são os outros.
Faz com que eu perceba os demais, mesmo que não veja o limite de cada um.
Ser um pixel morto talvez não seja de todo ruim. A certeza
de uma admirada exclusiva o torna mais brilhante, mas destacado. O torna mais
especial.
Sometimes we feel like a dead pixel.
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