sexta-feira, 23 de junho de 2017

Meu pixel morto favorito




    Ele está la. Quietinho. Com a TV delisgada ele nem parece estar. Mas está lá.
    Por um deslize das minhas mãos exageradamente empenhadas em abrir uma caixa travada, numa fração de segundos matei alguém. Imagino que em slow motion a chave de fenda quicou na minha mega blaster ultra HD Tv smart bleverrss televisão. Matei um pixel. Coitado! Tinha nada a ver na história. Alías, tinha sim. O propósito era dar a ele um novo lugar, uma nova posição. Instalá-lo em um lugar de destaque. Tudo para que ele se apresentasse com todo seu brilho e variações de RGB om melhor lugar do meu quarto.

    Tive o infortúnio de, ainda que minhas intenções fossem as melhores, negativar todo o potencial de um pixel. Mas que diferença faz um pixel se tem milhares deles ao redor que podem brilhar por ele?
    A diferença é que, por conta dele, agora eu percebo todos os milhares de outros pixels. Por causa dele eu sei que, se todos eles morressem eu teria uma tv totalmente branca e sem propósito. Com nenhuma informação.

    Não me tiro a culpa de tê-lo matado. Mas me dou o mério de tê-lo percebido e continuar notando-o todos os dias, sempre que ligo minha TV. Supostamente, este desafortunado pixel não nasceu para que viesse fazer ESTA diferença na minha vida. Ou sim? O fato é que mesmo sem cumprir sua função inicial, ele tem o ato nobre de me lembrar que sem os outros coleguinhas dele eu nada teria para ver. Pra mim sua função está muito clara: me mostra quem são os outros. Faz com que eu perceba os demais, mesmo que não veja o limite de cada um.

    Ser um pixel morto talvez não seja de todo ruim. A certeza de uma admirada exclusiva o torna mais brilhante, mas destacado. O torna mais especial.


    Sometimes we feel like a dead pixel.

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