Logo quando se acorda, os lados parecem olhar pra você.
Perguntam, indagam e olham com desdém. É
outro dia que se trava numa batalha, interna, externa que não cessa. Entre
olhares perdidos e concentrados no asfalto, no relógio, nos afazeres não há
espaço pra quem precisa. Não se nota, nem se percebe mais. Não se chama, nem se
conquista. Não há entrave emocional. Não falo de romance, falo de emoção.
A duras penas e com muita pena o tempo passa e leva pessoas
com ele. Leva tudo. Leva a gente também e leva o presente - que nada mais é do
que uma fantasia da nossa mente pra abstrair o passado e servir de desculpa
para o futuro. Trata-se, portanto, de um ponto. Não sei se de partida, de
continuação, final. Um ponto a mais no que chamamos de timeline. E a ordem é:
vivo o meu pra que você não viva o seu. Tenho isto para que você não tenha
aquilo. Sou assim pra que você não seja igual.
E de repente seu eu, que é avant-gard, sobe no trono
da sua mente e provoca sustos. Chama no canto e dá um tapa na cara pra ver doer
ou quem sabe hipnotizar. Diz que aquilo tudo que se vive é fruto ou semente pra
alguém e a efervescência das coisas passa despercebida quando o que se enxerga
está além do que se pode ver, falo a la Le
Petit Prince. É definitivamente o meu olhar sobre o que vejo passar pela
estrada lá fora. Aquela mania tecnicista, de avaliar, gerar conceitos ou
calcular como podem ser as coisas, ou deveriam, ensoberbece o pensamento de que
tudo deve se ajeitar e vai.
As coisas se ajeitam. Elas sempre se ajeitam. A chuva que
parece não parar, pára. O Sol
causticante que enrijece o solo uma hora desaparece sob nuvens. Tudo está em um
intricado jogo que tende a se ajeitar, se não pra mim, pra alguém. Até porque,
como poderia eu dizer que as coisas teriam de dar certo pra mim e não pra outro
alguém. E o que seria dar certo? Felizmente ou infelizmente meu dar certo não é
sinônimo de grana (Mania que as pessoas tem de achar q chegar lá é ter). Minha
paz é poder crer no Deus que eu creio, comer o que me dá vontade, rir com quem
eu quero rir, ignorar os que não me
acrescentam, dormir sem ser incomodado por pessoas ou pensamentos ruins. Enfim,
as coisas se ajeitam porque elas têm seu jeito de reinarem e sabem como fazê-lo.
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