sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

As coisas se ajeitam



    Logo quando se acorda, os lados parecem olhar pra você. Perguntam, indagam e olham com desdém.  É outro dia que se trava numa batalha, interna, externa que não cessa. Entre olhares perdidos e concentrados no asfalto, no relógio, nos afazeres não há espaço pra quem precisa. Não se nota, nem se percebe mais. Não se chama, nem se conquista. Não há entrave emocional. Não falo de romance, falo de emoção.

    A duras penas e com muita pena o tempo passa e leva pessoas com ele. Leva tudo. Leva a gente também e leva o presente - que nada mais é do que uma fantasia da nossa mente pra abstrair o passado e servir de desculpa para o futuro. Trata-se, portanto, de um ponto. Não sei se de partida, de continuação, final. Um ponto a mais no que chamamos de timeline. E a ordem é: vivo o meu pra que você não viva o seu. Tenho isto para que você não tenha aquilo. Sou assim pra que você não seja igual.

    E de repente seu eu, que é avant-gard, sobe no trono da sua mente e provoca sustos. Chama no canto e dá um tapa na cara pra ver doer ou quem sabe hipnotizar. Diz que aquilo tudo que se vive é fruto ou semente pra alguém e a efervescência das coisas passa despercebida quando o que se enxerga está além do que se pode ver, falo a la Le Petit Prince. É definitivamente o meu olhar sobre o que vejo passar pela estrada lá fora. Aquela mania tecnicista, de avaliar, gerar conceitos ou calcular como podem ser as coisas, ou deveriam, ensoberbece o pensamento de que tudo deve se ajeitar e vai.  


    As coisas se ajeitam. Elas sempre se ajeitam. A chuva que parece não parar, pára.  O Sol causticante que enrijece o solo uma hora desaparece sob nuvens. Tudo está em um intricado jogo que tende a se ajeitar, se não pra mim, pra alguém. Até porque, como poderia eu dizer que as coisas teriam de dar certo pra mim e não pra outro alguém. E o que seria dar certo? Felizmente ou infelizmente meu dar certo não é sinônimo de grana (Mania que as pessoas tem de achar q chegar lá é ter). Minha paz é poder crer no Deus que eu creio, comer o que me dá vontade, rir com quem eu quero rir,  ignorar os que não me acrescentam, dormir sem ser incomodado por pessoas ou pensamentos ruins. Enfim, as coisas se ajeitam porque elas têm seu jeito de reinarem e sabem como fazê-lo.

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