segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quadros de Efemeridade



    De repente começo a pensar em como as coisas são passíveis de efemeridade e como isso me traz tanta desesperança e insegurança. É isso mesmo, este post trata-se de mais uma lamentação da vida, se quiser pode parar por aqui, não quero ser culpado de matar a persistência em alguém.
    Quando vemos que coisas escorrem pelos nossos dedos como água, percebemos que a mão que é símbolo de controle e poder nada é diante à efemeridade existente em tudo.
    De repente passo a refletir como seria se minha mãe não tivesse parado de fazer iogurte pra eu levar pra escola, mesmo eu não gostando do azedinho que ele tinha – que apreciaria hoje sem moderação – ou se os ensinamentos de meu pai de como andar de bicicleta nunca tivessem passado. Talvez por eu ter crescido. Talvez por ter aprendido. Talvez não tivesse entendido que não se pode agarrar as coisas, nem as pessoas pra sempre. E quando a gente não tem como lutar contra o ‘passar das coisas’ o que resta é acordar no meio da noite e escrever um post pro blog.
    De repente, a desesperança seja fruto de vermos que hoje aqui, amanhã não mais. Mas outro algo ali, mas aqui ninguém mais. Talvez seja medo, consciência de que mais um ano passou, e lembranças do que ganhei, do que perdi, do que não consegui ou do que gostaria de ter tido. Tais reflexões não são em todo negativas, fazem parte do grupo de questionamentos que não fazemos e por isso aceitamos a efemeridade das coisas – não que ela seja evitável, ou contestável.

    Vale dizer, que de repente, sinto que muito passou, muito está passando e ainda mais vai passar por meus olhos, por minhas mãos, e mesmo com a significância de poder delas, meus olhos, com toda sua fragilidade são quem irá guardar apenas quadros de efemeridade.

    3 comentários:

    Anônimo disse...

    O meu pedido é que, ainda que tudo passe, eu possa registrar. Agradeço-O pela invenção da máquina fotográfica, pelo videotape, pelo lápis e papel; porque assim, ainda efêmero, posso ter o que quiser num canto qualquer. Apenas para relembrar.

    Lindo post!
    "Tudo na vida passa, até a uva passa."
    bisous!

    Tato Messias disse...

    A efêmeridade das coisa nos permite vivenciar coisas novas...se não a vida vira um tédio!

    abraço amigão!

    brenda matos disse...

    Dando uma de Machado de Assis menosprezando a obra e mandando os leitores pararem de ler, hein?

    Gostei das palavras. Gostei ainda mais porque tento lutar contra a efemeridade das coisas e percebo que é em vão.

    Continue escrevendo, ó.
    Beijos