segunda-feira, 11 de maio de 2015

As pessoas perderam o interesse nas pessoas

    O título já resume bem o que tenho pensado ultimamente sobre grupos pontuais de pessoas. Interessar-se em si já me parece algo que já pede algo em retorno. No mínimo que haja interesse de volta. Tudo o que se move pra frente parte do interesse. Da vontade.
    Pelo que tenho notado esse interesse atual das pessoas para com as outras tem sido um interesse próprio. Em favor de si sempre. Um interesse narcisista. ‘Nada é bom o suficiente pra mim’ muito menos ‘ninguém que me interessa tanto a ponto de me fazer desinteressar por qualquer outrem’.  É um ciclo que criamos. Mundo fechado. Cara no celular. Festas com amigos. Pessoas superficiais. Ninguém demonstra interesse a não ser que seja por algo que vá lher dar algum prestígio pelo simples fato de interessar-se. Para alguns parece fragilidade o ato de ter vontade, de querer aprofundar-se, de querer saber mais. As pessoas têm muito a dizer e no mais fechado dos seus quartos buscam ser interessantes, prova disto é a constante tentativa de parecerem felizes (ninguém se interessa por quem vive triste) parecerem ricos (a busca por uma casta mais alta) parecerem belos (dezenas de aplicativos que deixam a pele fosca como um vidro embaçado e sem expressão como um bonequinho de plástico, daqueles cor-de-rosa, que vendem o cento). Óbvio que ninguém quer parecer desinteressante, mas há o risco de parecer frustrante para quem utiliza mecanismos como estes.
    Esse combo interesse-frustração tem me acompanhado (vejo acontecer, sinto acontecer). O interesse ficou limitado a seguir alguém no InstaGRAM (que mania que o povo tem de abreviar: feice, insta, cel, zap.. né?). Sigo alguém e isso já é pra denotar interesse? Em que? Pelo quê? (me pergunto sempre isso).

    Qual a função do ‘like’? Dizer que vi? Dizer que foi bacana ter visto? Minha dúvida é: quando alguém curte uma foto minha ela tá curtindo o que na verdade? Fico curioso e me apego mais a um comentário do que 100 likes numa foto. Tá aí. Meu interesse é saber o que as pessoas andam pensando sobre o que os rodeia. Sobre a comunidade em que se vive. Ainda sobre interesse, eu acho bacana, por exemplo, ver tendências de moda masculina. Mas me diga de onde veio a tendência! Me diga porque ela combina com nosso clima, me traga curiosidade, me traga conhecimento. Já está tudo muito rápido e raso. Tudo muito baseado na quantidade. Tudo muito ‘sem tempo’. Bora ser interessante? 

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