Internet: uma revolução. Uma
confusão. Fico analisando como o ‘always on’ nos tranforma e muda nossas
relações e até nosso bom senso. Whatsapp? Uma praga contemporânea. Se pensarmos
bem estamos nos escondendo atrás de aplicativos dos nossos smartphones. Não
queremos olho no olho e temos medo de parecermos frágeis quando deixamos nossa voz
ecoar pelas ondas no espaço. Gente que escreve em letras garrafais: NÃO RECEBO
LIGAÇÕES. LIGAÇÃO SÓ EM CASOS URGENTES. ESTOU OCUPADO, MANDE MENSAGEM. Tudo uma tentativa de burlar o que é real e o
que é natural quando falamos ou vemos do outro.
Já está mais do que comprovado
que a nossa comunicação é em grande parte auxiliada pela linguagem do corpo
(gestos, tom de voz, expressões...) e nada melhor do que os meios de
comunicação mediados por dispositivos para nos ajudar a burlar isso tudo e
parecer o que queremos parecer. Na ‘era do computador’ já se via isso, mas
ainda tínhamos o telefone que exigia da nossa voz. Hoje os aplicativos permitem
que ignoremos, que não respondamos, que não nos preocupemos, que mintamos e por
aí vai.
Existe também o lado que perde o
bom senso: Muitas vezes recebo no meu celular notificações de madrugada
para tratar de trabalho, alguém pedindo foto de uma balada ou me perguntando
algo que poderia ser perguntado em outro momento. Não é porque estou online que
eu estou disponível para determinadas coisas. Notificações geram barulho, faz
você se levantar achando que é algo mega urgente e assustam quando ocorrem no
meio da madrugada. Daí vocês me sugerem: coloca no vibra ou no modo ‘dormindo’.
Então eu que sou o errado em deixar o celular com som na madrugada? Ok. Próximo
ponto:
Por que ignorar uma ligação
parece mais ‘grave’ do que ignorar uma mensagem no Whatsapp? Ligação gera um
som contínuo, ocupa a interface do celular por alguns segundos e sempre tem o
tom de urgência. Whatsapp pode ser lido na tela inicial sem gerar os ticks
azuis (e uma galera acha que só eles sabem do truque), pode ser lido e uma desculpa fácil pode ser inventada para não responder
de imediato. Enfim, é uma maneira contemporânea que achamos de mentir, burlar,
ignorar.
Acho curioso como nos
relacionamos pós mídias digitais. Tinder? Nem se fala. Quantos matches, nenhuma
palavra, nenhum interesse. O interesse vem e vai em um deslize. Não há
disposição. Há curiosidade momentânea.
Eu te sigo, você me segue,
andamos em círculos e nunca deparamos com o outro. Nunca nos vemos de frente. -
Te sigo no Instagram! - Ah, legal! –> E?
Tenho decidido me desconectar um
pouco (um quase especialista em mídias digitais querendo ficar off) e olha que
tem gente que já está em níveis altíssimos de risco: teclando no trânsito (o
que é tão urgente que não pode esperar a pessoa chegar daqui-ali?) indo pra
festas pra colar a cara no celular a noite inteira (fica em casa né? Pelo amor
de D’s). Daí fico pensando: eu que sou o chato que fico observando essas
coisas? Será que sou um velho num corpo de 26anos?
O que passa na cabeça de uma
pessoa, rodeada de gente, que fica rindo à toa falando com alguém no whatsapp?
Não está interessante? Nada te obriga a permanecer com tais pessoas. Sim, me
sinto me-ga ofendido quando isso acontece e eu estou por perto. Bom, vou ficar
por aqui que o texto já tá grande demais. Quem sabe venho com uma parte II?
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